Parece que foi ontem! Esta é uma frase que ouvimos com muita frequência. Ela entra para o nosso repertório mais cedo do que esperamos, e comumente fazemos uso dela quando sentimos a sensação de que a passagem do tempo nos pegou de surpresa. Muito mais do que uma frase feita ou meramente um clichê, ela expressa uma verdade universalmente admitida: a transitoriedade da experiência humana.
A Bíblia também fala sobre a efemeridade da vida. Esse é um tema recorrente e abordado por diversos autores inspirados. Uma passagem que chama especialmente minha atenção é aquela encontrada em Tiago 4:14, em que o autor coloca diante de nós uma pergunta que suscita reflexão: “O que é a vossa vida?”. Ele mesmo responde: “É um vapor que aparece por um pouco, e logo se desvanece."
Pensar sobre a vida, às vezes, gera um certo desconforto - exige profundidade. Mas algo que tortura ainda mais é pensar no que virá depois dela – provoca o desconhecido. No meio-termo dos pensamentos há a duração e o desenrolar da vida em seu curto espaço e rápido tempo.
Não é de hoje o falar, divagar e concluir sobre a nossa existência e em como a vida deve ser vivida. Muitos filósofos foram tão profundos que chegaram a um imenso vazio, e outros deixaram um valioso conhecimento. Sêneca, um filósofo que viveu nos tempos em que Jesus estava na Terra, abordou reflexões sobre a brevidade da vida até se chegar na questão de como viver plenamente. Oscar Wilde, no século 19, declarou que viver é a coisa mais rara do mundo, pois a maioria das pessoas apenas existe. Chaplin, no século passado, comparou a vida a uma peça de teatro que não permite ensaios, por isso o pretexto de vivermos a vida profundamente.
Mas nenhum se compara ao sábio Salomão que desvendou o grande enigma de como devemos viver. De maneira especial, no capítulo 12 do livro de Eclesiastes, fala-se sobre a brevidade da vida e o quanto é necessário priorizarmos Deus em tudo o que fazemos enquanto somos jovens e temos tempo, e aguardamos ansiosos a vinda de Cristo.
Salomão, em sua sabedoria, ensina-nos que devemos viver a vida intensamente (Ec 12:1). Como? Fazermos tudo o que dá vontade? Sim. Desde que a nossa vontade esteja em sintonia com a vontade de Deus. Desfrutar dos prazeres criados por Deus no tempo certo e de maneira correta. Aproveitar o dia. Entregar nossos melhores dias e o nosso vigor a Ele, o quanto antes pudermos. Viver à disposição de Deus.
Salomão também aconselha-nos a viver a vida esperançosamente. Na continuação do capítulo 12, o autor retrata a velhice. E com isso podemos alegrar-nos, pois quem envelhece servindo a Deus e esperando nEle, é estimulado e fortalecido (Is 40:31).
E por último, viver a vida sabiamente, temendo a Deus e obedecendo aos Seus mandamentos. Dessa forma, “pensar na vida” torna-se mais leve, não é? E com certeza acende em nós uma felicidade, na medida em que entendemos que a morte não é o nosso fim se vivermos para recebermos a vida eterna em Cristo Jesus.
Como vimos, a administração sensata do nosso tempo é um assunto muito espiritual. O Senhor nos deu graciosamente o tempo e somos responsáveis ??pelo sábio uso dele. Concluindo, vejamos o que diz Ellen G. White:
"Nosso tempo pertence a Deus. Cada momento é Seu, e estamos sob a mais solene obrigação de aproveitá-lo para Sua glória. De nenhum talento que nos concedeu requererá Ele mais estrita conta do que de nosso tempo. Cristo considerava precioso todo momento, e assim devemos considerá-lo. A vida é muito curta para ser esbanjada. Temos somente poucos dias de graça para nos prepararmos para a eternidade. Não temos tempo para dissipar, tempo para devotar aos prazeres egoístas, tempo para contemporizar com o pecado. Agora é que nos devemos formar o caráter para a futura vida imortal. Somos advertidos a remir o tempo. O tempo esbanjado nunca poderá ser recuperado, porém. Não podemos fazer voltar atrás nem sequer um momento. A única maneira de podermos remir nosso tempo consiste em utilizar o melhor possível o que nos resta, tornando-nos coobreiros de Deus em Seu grande plano de redenção. A vida é muito solene para ser absorvida em negócios terrenos e temporais, em um remoinho de cuidados e ansiedades pelas coisas terrenas que são apenas um átomo em comparação com as de interesse eterno." (Parábolas de Jesus, pp. 342-345).